O projeto “Escalas da Biodiversidade” tem como objetivo investigar como o veneno molda a evolução das espécies de serpentes e entender como o surgimento de inovações dentro dos venenos implicou na ocupação de novos nichos e no surgimento de novas espécies
O projeto “Escalas da Biodiversidade” é parte do programa Dimensões da Biodiversidade da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em conjunto com a National Science Foundation (NSF), e é desenvolvido no Instituto Butantan em parceria com universidades dos Estados Unidos.
Seu objetivo é investigar como o veneno molda a evolução das espécies de serpentes. Queremos entender como o surgimento de inovações dentro dos venenos, como por exemplo, novas toxinas, implicou na ocupação de novos nichos e no surgimento de novas espécies. Uma das perguntas centrais do projeto é em que medida a alta taxa de diversificação das serpentes foi acompanhada por mudanças significativas na composição dos venenos. E, por fim, quais os mecanismos genéticos e moleculares são capazes de controlar a grande variabilidade observada nos venenos de algumas serpentes.
Para isso, utilizamos uma abordagem interdisciplinar que envolve desde a coleta de espécimes em toda a América, e o estabelecimento de suas relações filogenéticas, até a caracterização molecular e funcional de seus venenos de forma padronizada. Buscamos assim o melhor entendimento da evolução dos venenos das serpentes avançadas (Caenophidia) e dos processos evolutivos em geral, buscando identificar também as possíveis implicações para a saúde humana e para a pesquisa científica na área de venenos.
O projeto “Escalas da Biodiversidade” reuniu uma grande equipe multidisciplinar no Brasil e nos estados Unidos, para obter um retrato mais completo da evolução do veneno nas serpentes. Os pesquisadores principais no Brasil são do Instituto Butantan, em diferentes laboratórios de pesquisa e com diferentes especialidades.
As serpentes se destacam entre os Squamata (lagartos, serpentes e anfisbenas) por uma combinação única de características morfológicas: corpo extremamente alongado, ausência de ouvido externo, grande mobilidade dos ossos do crânio, ausência completa de cintura escapular, órgãos internos alongados, ausência da sínfise mandibular, língua bífida e a ausência completa de pálpebras móveis.